04 de Outubro de 1996

Algo de muito estranho aconteceu à Amélia. Ela foi a um novo bar e quando chegou, parecia transtornada.

-Rita, estás acordada? Precisas de me ouvir! É fantástico e ao mesmo tempo, tão confuso...

-Então, Amélia! São quatro da manhã... queres fazer o favor de me deixar dormir?

-Rita, não estou a brincar, acorda!

-Eu não acredito...

Ao mesmo tempo que eu me levantava e me dirigia à cozinha para ir buscar um copo de leite, ela não parava de falar. Tão depressa como se tivesse alguém a correr atrás dela (como é natural quando ela conta alguma novidade).

- Amélia, fala um pouco mais devagar: eu não entendi nada!...

Tudo de novo: que tinha saído com o novo namorado, tinham ido ao novo bar da cidade, tomado umas bebidas, dançado...

- Eu não acredito que tu me tenhas acordado para me contar isso! Amanhã também é dia, sabias? Agora, deixa-me dormir...

-Rita... tens alguma irmã gémea? - perguntou-me com uma expressão assustadora.

-Mélinha: o que é que te deu hoje? Ou melhor, o que é que andaste a beber? Já não te disse para não fazeres misturas? Isso só te faz mal!

-Tens ou não? Responde-me!

- Tomando em consideração que nós nos conhecemos desde que nascemos, tenho a certeza que tu sabes, perfeitamente, que eu sou filha única. Não?

-Isso é o que eu pensava, até eu ver aquela rapariga no bar. Devias vê-la! Ela é igual a ti: a mesma cor de cabelo, a mesma cara, a mesma estatura...

Lá estava a Amélia a delirar, outra vez. Se eu não vou com ela, começa a fazer misturas com as bebidas e é nisto que resulta: são 4.30 da manhã e eu estou aqui a fazer um esforço enorme para me manter acordada, enquanto a minha querida amiga jura de pés juntos que viu a minha sósia... não há paciência!

Finalmente, dormiu. Estou tão cansada... acho que vou dormir, também. Afinal, ainda me restam algumas horas. Graças a Deus que amanhã é feriado!
 
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