06 de Outubro de 1996

Estou a preparar-me para sair. A Amélia conseguiu convencer-me a ir ao tal bar e ver a tal rapariga. Ela tem um poder de argumentação e persuasão, incríveis!

-Já estás?

-Prontinha! - responde-me com aquele brilho nos olhos, característicos de quando ela consegue convencer alguém a fazer aquilo que ela quer. Matreira, tal e qual uma raposa!

O Pedro estava à nossa espera no carro. Ele confirmou a história. Confesso que cada vez fico mais confusa.

O novo bar é um pouco estranho... pelos menos, essa a minha opinião. Contudo, mal lá entrei senti-me bem. O que é estranho porque eu nunca fui adepta daquele tipo de bares, apesar de não ter nada contra a comunidade gay.

-Lá está ela, disse-me a Amélia ao ouvido.

Senti um aperto no peito. Eles tinham razão! Ela é mesmo igual a mim! O que é que faço? Vou ter com ela? Que confusão!

Como era de esperar, eu fugi. Já sei o que me vais chamar: covarde! Tens razão. Mas o que é querias que eu fizesse? Que chegasse ao pé dela e dissesse: "olha eu sou igual a ti. Não é grande a coincidência?".
 
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